sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Watchmen, Alan Moore



Passei a semana passada lendo Watchmen  - a famosa HQ de Alan Moore, a HQ que mudou a história dos quadrinhos, a HQ que é um clássico e uma referencia indispensável a todo leitor contemporâneo...

Me dá calafrio de pensar que vou escrever sobre Watchmen.

Não sou uma leitora de HQ, principalmente de HQs de super-heróis, então nem sei dizer o que Watchmen mudou, o que revolucionou. Mas eu li os 12 exemplares e achei muito interessante o que Alan Moore colocou ali. Toda a estrutura social que ele construiu para aqueles personagens.

Watchemen fala sobre heróis que dedicaram suas vidas a proteger as pessoas, num passado, mas que agora vivem num mundo onde não possuem mais espaço, onde são desprezados pela sociedade e onde o oficio – de proteger das pessoas – foi posto na ilegalidade. Em linhas bem gerais Watchmen fala sobre uma sociedade que vive na era pós heróis mascarados. Uma era decadente, de descrença na humanidade e no futuro, onde as grandes potências mundiais estão à beira da terceira guerra mundial e o fim do mundo é uma eminência.

E o que nós vemos nos 12 números da revista são esses heróis, os que sobraram e sobreviveram. Eles estão velhos, beirando os 50 anos, desiludidos e amargurados, alguns ainda agem, agora na ilegalidade, outros abandonaram a máscara e a fantasia, mas vivem sobre o peso da nostalgia e não conseguiram seguir em frente. Todos vivem com esse peso, todos possuem um passado que os atormenta e, para mim, é sobre isso a revista, sobre homens que sonharam salvar o mundo, mas o mundo mudou e não há mais espaço para eles.

Não vou escrever sobre os personagens e suas questões, são muitos e com histórias complexas. Seria aumentar as chances de uma analise errônea da obra. É sério quando digo que não me sinto preparada para analisar essa revista. Ela é cheia de nuances, cheia de pequenos signos que precisam de mais leituras para ser abertos e totalmente decifrados.

Mas eu gostei bastante da estrutura narrativa que Alan Moore criou ali. A história começa em 1985, com o assassinato de um dos heróis. Daí nós começamos a entender a proibição dos mascarados em 1977, e também os anos áureos, nos idos de 1938. São várias temporalidades coexistindo, de forma muito bem pensada, executada e planejada.

Planejamento foi o que mais me chamou atenção, eu quase consigo ver o Alan Moore com um quadro traçando a linha temporal de todos os heróis, de todos os acontecimentos. Sério, a coisa é muito bem feita.

Outro ponto é a fusão de gêneros e metatextos que ele usa. Dentro da HQ existe uma biografia que foi publicada por um desses heróis, e, veja só, a biografia está lá, para nós lermos também. E é tudo costurado de uma forma tão assustadora...

Gostei muito da revista, gostei muito da experiência de leitura – que alterou definitivamente minha visão do universo de HQs. Mas ainda quero ler mais coisas e amadurecer meu olhar para poder falar sobre a trama, sobre os signos, sobre a metalinguagem de Watchmen. Mas quero dizer que provavelmente não poderia ter começado melhor. 

8 comentários:

  1. Muito legal seu texto :) Não tenho costume de ler HQ, mas gostei :)

    Queria te convidar para responder essa TAG (se você quiser, claro :) :

    http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/10/sua-vida-em-livros.html

    beijo grande!

    Pipa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, eu também não tinha costume de ler HQ, mas agora estou remediando isso, rs.
      É claro que vou responder a TAG!
      beijo grande,

      Excluir
  2. Adorei o texto, Maira, tenho muita curiosidade para Watchmen.
    Algum dia espero poder ler tudo o que tio Alan Moore produziu :)

    Bom início de semana,
    Beigos!

    ResponderExcluir
  3. Começou de forma excelente! Watchmen é uma das melhores HQ que já li! A narrativa de Alan Moore é crua e direta. Ele mostra essa sociedade venenosa, que coincidentemente faz par com a nossa realidade. O traço do Dave Gibbons não é bonito, mas casa muito bem com a proposta do quadrinho. Algo belo tiraria a mensagem de Watchmen. Ótima suas impressões! ^_^
    Beijos, Maira!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa questão do traço é interessante, não tinha pesado por esse lado. "Watchmen" parece representar muito bem aquele conceito da obra aberta - nunca a leitura se fecha.
      Beijo Lulu!

      Excluir
  4. Eu também não tenho o costume de ler HQ e só recentemente comecei a me aventurar no gênero. Acho ótimo encontrar outras pessoas que estão na mesma situação que eu falando de suas experiências. Me dá mais ânimo, sabe? Nunca li Watchmen, só vi a adaptação para o cinema. Não sei dizer se é fiel ou não, mas também senti esse peso, essa melancolia dos heróis que foram jogados para escanteio. Deve ser fascinante conhecer a história toda!
    bjo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Michelle, já eu nunca vi o filme, mas dizem que é muito fiel.
      Quero ver logo.
      bjs

      Excluir