Passei a semana passada lendo Watchmen - a famosa HQ de Alan Moore, a HQ que mudou a
história dos quadrinhos, a HQ que é um clássico e uma referencia indispensável
a todo leitor contemporâneo...
Me dá calafrio de pensar que vou escrever sobre Watchmen.
Não sou uma leitora de HQ, principalmente de HQs de
super-heróis, então nem sei dizer o que Watchmen mudou, o que revolucionou. Mas
eu li os 12 exemplares e achei muito interessante o que Alan Moore colocou ali.
Toda a estrutura social que ele construiu para aqueles personagens.
Watchemen fala sobre heróis que dedicaram suas vidas a
proteger as pessoas, num passado, mas que agora vivem num mundo onde não
possuem mais espaço, onde são desprezados pela sociedade e onde o oficio – de
proteger das pessoas – foi posto na ilegalidade. Em linhas bem gerais Watchmen
fala sobre uma sociedade que vive na era pós heróis mascarados. Uma era
decadente, de descrença na humanidade e no futuro, onde as grandes potências
mundiais estão à beira da terceira guerra mundial e o fim do mundo é uma
eminência.
E o que nós vemos nos 12 números da revista são esses
heróis, os que sobraram e sobreviveram. Eles estão velhos, beirando os 50 anos,
desiludidos e amargurados, alguns ainda agem, agora na ilegalidade, outros abandonaram
a máscara e a fantasia, mas vivem sobre o peso da nostalgia e não conseguiram
seguir em frente. Todos vivem com esse peso, todos possuem um passado que os
atormenta e, para mim, é sobre isso a revista, sobre homens que sonharam salvar
o mundo, mas o mundo mudou e não há mais espaço para eles.
Não vou escrever sobre os personagens e suas questões, são
muitos e com histórias complexas. Seria aumentar as chances de uma analise
errônea da obra. É sério quando digo que não me sinto preparada para analisar
essa revista. Ela é cheia de nuances, cheia de pequenos signos que precisam de
mais leituras para ser abertos e totalmente decifrados.
Mas eu gostei bastante da estrutura narrativa que Alan Moore
criou ali. A história começa em 1985, com o assassinato de um dos heróis. Daí
nós começamos a entender a proibição dos mascarados em 1977, e também os anos
áureos, nos idos de 1938. São várias temporalidades coexistindo, de forma muito
bem pensada, executada e planejada.
Planejamento foi o que mais me chamou atenção, eu quase
consigo ver o Alan Moore com um quadro traçando a linha temporal de todos os
heróis, de todos os acontecimentos. Sério, a coisa é muito bem feita.
Outro ponto é a fusão de gêneros e metatextos que ele usa.
Dentro da HQ existe uma biografia que foi publicada por um desses heróis, e,
veja só, a biografia está lá, para nós lermos também. E é tudo costurado de uma
forma tão assustadora...
Gostei muito da revista, gostei muito da experiência de leitura
– que alterou definitivamente minha visão do universo de HQs. Mas ainda quero
ler mais coisas e amadurecer meu olhar para poder falar sobre a trama, sobre os
signos, sobre a metalinguagem de Watchmen. Mas quero dizer que provavelmente
não poderia ter começado melhor.
Muito legal seu texto :) Não tenho costume de ler HQ, mas gostei :)
ResponderExcluirQueria te convidar para responder essa TAG (se você quiser, claro :) :
http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2013/10/sua-vida-em-livros.html
beijo grande!
Pipa
Pois é, eu também não tinha costume de ler HQ, mas agora estou remediando isso, rs.
ExcluirÉ claro que vou responder a TAG!
beijo grande,
Adorei o texto, Maira, tenho muita curiosidade para Watchmen.
ResponderExcluirAlgum dia espero poder ler tudo o que tio Alan Moore produziu :)
Bom início de semana,
Beigos!
Eu também, Maura, eu também, ha ha
Excluirbjs
Começou de forma excelente! Watchmen é uma das melhores HQ que já li! A narrativa de Alan Moore é crua e direta. Ele mostra essa sociedade venenosa, que coincidentemente faz par com a nossa realidade. O traço do Dave Gibbons não é bonito, mas casa muito bem com a proposta do quadrinho. Algo belo tiraria a mensagem de Watchmen. Ótima suas impressões! ^_^
ResponderExcluirBeijos, Maira!
Essa questão do traço é interessante, não tinha pesado por esse lado. "Watchmen" parece representar muito bem aquele conceito da obra aberta - nunca a leitura se fecha.
ExcluirBeijo Lulu!
Eu também não tenho o costume de ler HQ e só recentemente comecei a me aventurar no gênero. Acho ótimo encontrar outras pessoas que estão na mesma situação que eu falando de suas experiências. Me dá mais ânimo, sabe? Nunca li Watchmen, só vi a adaptação para o cinema. Não sei dizer se é fiel ou não, mas também senti esse peso, essa melancolia dos heróis que foram jogados para escanteio. Deve ser fascinante conhecer a história toda!
ResponderExcluirbjo
Michelle, já eu nunca vi o filme, mas dizem que é muito fiel.
ExcluirQuero ver logo.
bjs