Comecei a ler a biografia do Will Eisner semana passada e
procurei algumas coisas dele para conhecer. O primeiro, claro, precisava ser The Spirit, o grande personagem de
Eisner, que surge em 1940 num formato inovador: suplemento, de 16 páginas, a
ser inserido nos jornais de domingo. As histórias em quadrinhos impulsionavam a
venda de jornais e Busy Arnold e Henry Martin, empresários que contrataram
Eisner para a tarefa, acreditaram que o suplemento responderia a demanda de
conteúdo inédito, de qualidade e em formato durável para que leitores pudessem
colecionar e reler quando quisessem. O suplemento foi bem recebido garantindo
que mais jornais assinassem o Weekly
Comic Book [Revista em Quadrinhos Semanal], garantindo a Eisner que seu personagem
fizesse parte da vida de milhões de leitores.
Quando The Spirit
surge o foco está voltado para os heróis que salvavam o mundo de vilões
risíveis, vestidos em fantasias coloridas. Eisner que nunca foi um grande fã de
esculpir músculos gigantescos em homens vestidos em malhas apertadas, queria
algo diferente. Um personagem totalmente humano, sem superpoderes e que não
usasse nem mesmo armas, sua única artimanha seria seu senso apurado de
investigação e sua inteligência. Mas Spirit era mais que isso, era um detetive
falível, um tanto palhaço, porém forte e bonitão.
Sua origem se dá quando o detetive Denny Colt ao invadir o
laboratório do cientista vilão Dr. Cobra, é soterrado por um líquido estranho. Denny
Colt é declarado morto e enterrado no cemitério da cidade, porém desperta e
escava até sair do túmulo – que se tornará seu esconderijo. Spirit, agora um
homem à margem da lei, sempre cruzaria o caminho do Comissário Dolan, agente de
polícia, e de alguma forma sempre encontraria Ellen, a filha do Comissário, uma
loira bonitona que seria seu par romântico.
Não sei ao certo como foi a publicação de The Spirit no Brasil – ao que parece ele
não foi publicado sistematicamente. Consegui, por vias escusas, uma edição
comemorativa de 50 anos do personagem, publicada pela Editora Abril, em 1990,
que dá apenas para ter leve sensação do que era acompanhar o personagem, pois
são seleções de histórias, o que faz com que a linearidade das tramas se perca.
Foi estranho ler essa revista, porque é como se eu quase pudesse tocar no
personagem, mas no fim, ele me escapa. E o que escapa é justamente a evolução
da personalidade do Spirit, a grande chave da criação de Eisner, que levou
alguns jornalistas a apontarem em The
Spirit a presença de Cidadão Kane,
de Orson Welles.
Nos Estados Unidos, porém, The Spirit foi republicado várias vezes e em diferentes épocas, o
que acabou gerando certo problema a Eisner por conta do personagem Ébano
Branco, o ajudante e motorista de Spirit. Era década de 60, o país imerso na
guerra do Vietnã, e com vários movimentos sociais pipocando por todos os lados.
Não demorou para que o personagem negro, baixinho, engraçado, caricato e ainda
por cima chamado Ébano Branco soasse estranho à olhos e ouvidos sensibilizados.
Eisner várias vezes explicou a construção do personagem e sua importância nas
histórias, mas esse, ao que parece, se tornou um ponto delicado na trajetória
de The Spirit – uma trajetória que me
interessa acompanhar com mais minúcia.
Olá!
ResponderExcluirObrigado pela visita ao meu blog, o Loucamente Louca Mente ^^
Spirit é muito bom, nada se compara a porcaria que foi o filme...
Abraços! \o/
Oi Fabricio, já ouvi tantas coisas sobre esse filme, que ainda não tive coragem de ver, rs.
ExcluirMaira, dizem que não se pode ser um conhecedor de quadrinhos "cult" que se preze sem ter lido Eisner, e acho que é verdade rs
ResponderExcluirComprei a trilogia The Contract with God dele, numa edição primorosa, por sinal. Ainda está na lista de leituras, mas sinto que vai fazer um estrago imenso em mim, justamente por ser tão humana.
Minha impressão é de que ela já se exime completamente desse "perfume" de super herói que The Spirit tem, como você descreveu. Não que esteja apontando isso como algo necessariamente superior, mas talvez demonstre mais maturidade da parte dele como artista.
Parabéns pelo blog! Abraço! ;*
Jéssica, li "Um contrato com Deus" e gostei muito. Espero que goste também.
Excluirbjs
Estou adorando seus posts sobre quadrinhos!
ResponderExcluirNunca li nada do Spirit, nem sabia desse pouco caso com suas histórias no Brasil. Parece ser um personagem interessante, justamente por ser um cara comum.
Do Eisner, vi uma peça adaptada de uma de suas histórias, inclusive com o cenário no mesmo estilo e tudo. Foi uma ótima experiência!
bjo
Essa peça deve ter sido incrível!
ExcluirPois é, Michelle, não sei bem como ficou essa publicação no Brasil, ao que parece a Abril chegou a publicar alguns números mas não sei por quanto tempo.
bjs
Ué, Maira, jurava que eu já tinha comentado esse post seu! rs
ResponderExcluirEu gosto muito de Eisner, li muita coisa dele emprestada nos anos 90 mas acho que não devo ter nada dele aqui. Mesmo assim nunca li Spirit pra valer, só assim de folhear, sabe? Mas um dia quero conferir com mais atenção. Um contrato com Deus acho que é o meu preferido. Ah, em breve vou ler o Risíveis Amores, te aviso quando começar! Bj!
Lua! Li "Um contrato com Deus" mas ainda não escrevi o texto. Bom, quanto a "Risíveis Amores" estou a postos!
Excluirbeijo grande!
maira, eu me pergunto como não conhecia teu blog. simplesmente é um prazer visitar teu espaço e ler os teus textos. :)
ResponderExcluirMeu Deus, quem é você? Muito obrigada!
ExcluirVolta! ;)
Gostei da postagem, Maira.
ResponderExcluirNunca havia lido nada sobre The Spirit e nem li, será que alguma editora publicou tudo aqui?
Continue com suas ótimas postagens, flor!
Beigos!