sexta-feira, 14 de março de 2014

Azul é a cor mais quente, Julie Maroh



E lá vou eu falar da HQ mais comentada do momento. Me tranquei na geladeira para não ver o filme antes que minha edição chegasse, fugi de algumas críticas e acho que posso dizer que cheguei a ela livre do monstro da expectativa.

Enquanto capturava algumas informações na internet sobre a autora fiquei bem chocada e envergonhada quando descobri que ela publicou a graphic novel com 26 anos, que aos 19 já estava escrevendo e que ela nasceu em 1985 (como se não bastasse sou um ano mais velha e ainda não fiz nada de muito relevante nessa vida).

Achei bem digno ela agora, aos 28 anos (vou parar de falar de idade, prometo), vir a público dizer que vê todos os defeitos na obra, embora eu não veja nada disso e tenha ficado com aqueles traços bailando pela minha mente por dias.

E gostei muito dos traços, das cores e da técnica de colorir (seja qual for). São elementos que se completam e compõem uma melodia triste que realmente remete à memória e a algo que já não existe mais.

Isso porque a HQ conta a vida de Clementine, sua adolescência e descoberta sexual, suas escolhas e amadurecimento, mas chegamos à Clementine através dos diários que ela deixou para Emma ler. Então sim, é através da dor e da lembrança de Emma que conhecemos a história das duas, e a HQ inteira é pintada com cores frias e quando o azul aparece é bonito, poético, mas triste ainda assim.

Julie Maroh é ativista pelos direitos dos homossexuais, mas eu só sei disso porque li no site da editora Martins Fontes, porque a história que ela conta é a de uma garota que está descobrindo quem é. Que sofre muito por suas opções homossexuais, sim. E esse é o tema da HQ, sim também. Mas aqui temos a história da vida de uma personagem, com todo o conflito, erros, acertos, dramas e alegrias que lhe cabem enquanto ficção e que representam bem o drama humano de existir em um mundo cheio de gente.

E só para que esse texto não fique muito parcial, digo que não gostei muito do nariz da Clémentine. Achei meio feio e batatudo, assim, meio parecido com o meu. 



“Por que eu teria vergonha de amar?”
<3
 



14 comentários:

  1. O que me atraiu nessa HQ foram justamente as cores. São lindas e remetem a uma saudade, nostalgia, não sei bem e melancolia. Não sei se você já assistiu ao filme, mas o caminho escolhido pelo diretor é diferente, nem pior, nem melhor, apenas diferente, porém achei a HQ mais sensível a história de Clèm e Emma. mais história de amor e de descobertas, de procurar saber quem é por qual mundo transita.

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    1. Oi, Flávia. Sim, eu assisti ao filme depois de ler a HQ, e confesso que não gostei muito. Em uma escolha, eu ficaria sem sombra de dúvidas com a HQ, é uma história de amor, entre duas meninas, mas uma história de amor. E foi disso que gostei.
      beijo grande,

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  2. Maira, eu li essa HQ e achei também lindíssima, os traços, a história contada de uma forma tão delicada e comum. É uma história triste, mas também de muito amor. Eu adorei a HQ, mas não posso dizer o mesmo do filme, que vi depois que li o livro, achei que o filme não pegou as melhores partes da HQ ou o tom dela, mesmo assim o filme tb é bom.
    bjos

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    1. Melissa!
      Então, concordo com você, o filme escolhe abordar essa história por um viés que destoa, na minha opinião, muito do que a Julie procura construir na HQ.

      beijo grande,

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  3. Maira, eu vi o filme antes e pelo que li, ele é bem diferente... Depois de vê-lo - duas vezes!!! - fiquei com a ligeira impressão de que gostarei mais da HQ, porém, não estou criando muitas expectativas e só pretendo lê-la quando estiver bem, bem relaxada para poder aproveitar bem a leitura :)

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    1. Maurinha,
      Não imagino como vai ser para você pegar esse caminho (meio "inverso", rs). Você poderia inclusive escrever sobre isso no seu blog, né? Das diferentes percepções e tal. Que sua leitura seja incrível então!

      beijo grande,

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  4. Eu sou chata com "coisas do momento". Fico adiando até todo mundo parar de falar de X e começar a falar de Y. Confesso que o filme não me atrai muito, mas tenho curiosidade para ler a HQ. Mesmo com expectativas, acho que vou gostar.
    bjo

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    1. Ah, Michelle, também acho que você vai gostar.
      Acho que conversamos sobre o filme, né? Bem, rs, você sabe o que achei, então ;)
      Quando decidir ler a HQ me avisa!

      beijo grande,

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  5. Olha só, também li essa HQ esse mês, mas fui com muita expectativa. Gostei bastante, mas não mudou a minha vida (acho que estava esperando que fosse mudar). Gostei do que você falou sobre as cores, nao tinha parado para pensar no efeito do azul, diferente e novo, mas triste. Fiquei curiosa a respeito do filme,que causou tanta polêmica, mas confesso q estou com preguiça de me dispor a ficar 3 horas na frente da televisao... hehehe.
    Besos!
    Olivia

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    1. Oi Olívia, eu entendo essa história de expectativa. Aconteceu quando fui ler "Retalhos". É uma HQ tão comentada, tão elogiada, tão premiada que nem sei o que estava esperando. E fiquei meio assim: "mas é só isso?" Ahaha!
      Pretendo reler em breve, sabe?

      beijo grande,

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  6. Apesar de eu não ter me interessado até o ponto de ver o filme, pelo que você mostrou, Maira, o traço da Julie Maroh é muito bonito, encorpado; e a forma como ela usou o azul destacado das outras cores é formidável.

    E, se você me permite, apenas uma sugestão: em vez da palavra "opção", é mais coerente com o próprio movimento homossexual usar "orientação", já que ser ou não homossexual não seria questão de escolha.

    Um abração! ;)

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    1. Oi, Jéssica! O traço dela é lindo mesmo, passa uma poesia bonita.
      E, claro, faz muito sentido o que você disse. "Opção" é quando há o que escolher. Vou prestar mais atenção ;)
      Obrigada,

      beijo grande,

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  7. Oi.

    Ainda não tenho o costume de ler AQs, mas sempre acho as imagens lindas e quero muito ler algo um dia. Valeu pela dica.

    Beijos!
    http://fernandabizerra.blogspot.com.br/

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    1. Elas são mesmo lindas, Fernanda. Espero que você leia logo e goste, rs.

      beijo grande,

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