domingo, 1 de dezembro de 2013

Will Eisner: um sonhador nos quadrinhos, Michael Schumacher



Hoje me fiz uma promessa: nunca mais deixar os textos deste blog atrasar. Faz bem dois meses e meio que terminei de ler a biografia do Eisner e, agora, depois de já ter lido alguns outros livros, toda a emoção e o calor da hora “meio” que passou. Chato, porque essa foi a melhor biografia que já li até hoje.

Primeiramente odeio biografia que começam à lá David Copperfilds – “no dia tal, fulano de tal, nasceu” – bem pior é quando se resolve contar como os pais do biografado se conheceram e depois o conceberam. Também odeio biografias que seguem fixamente a cronologia da vida do dito cujo. É chato para burro ter que passar pelo casamento dos pais e tempos de colégio. Parei a biografia da Clarice, da Nádia Cotlib, porque a coisa de 650 páginas simplesmente não fluía.

Mas nada disso ocorre no texto de Schumacher. É a biografia perfeita, ao menos para mim. Claro que ele começa com a infância de Eisner, mas tudo é muito bem colocado dentro da trajetória artística e do crescimento intelectual do homem. Nada é desimportante ou irrelevante, e eu, que nem sabia quem ele era, saí daquele texto não apenas conhecendo a vida de Will e o que ele produziu, mas o contexto histórico e o impacto que cada obra sua gerava na indústria de quadrinhos. Também consegui visualizar muitas teias de relações entre quadrinistas e onde eles estão na história do quadrinho – e agora posso escolher, com muita sabedoria, o que quero ler. Para uma leiga total no assunto, o saldo foi mais que positivo, foi assustadoramente iluminador. 

Sem falar que Will Eisner é uma inspiração de ser humano. Trabalhou incansavelmente até semanas antes de falecer. Possuía um tino empresarial que o salvou numa época onde os contratos feitos entre editoras e quadrinistas era desigual e opressor. Possuía os olhos no futuro dos quadrinhos de uma maneira quase profética. E o que ele faz com “Um contrato com Deus”, a primeira graphic novel, é algo que me arrepia até agora. Ele simplesmente sabia que os quadrinhos eram, tinham potencial para e viriam a ser considerados literatura, alta literatura. E ele foi lá e mostrou do que estava falando. Foi um homem visionário, mas mais que isso, era pragmático, soube entender o mercado e soube levar esse mercado para onde ele acreditava que deveria ir.

Apenas incrível, sem mais.  


3 comentários:

  1. Maira, qualquer escrita pacata cansa, principalmente biografia, que acredito que seja um desafio para o autor.
    Tenho bastante curiosidade de ler essa biografia sobre Will Eisner. Além de a edição ser linda, parece rica de conteúdo. Bem, pela suas impressões vale muito a pena!
    Beijos!

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  2. Maira, tenho ficado cada vez mais interessada nessa biografia. Houve uma época (acho que já comentei contigo) que li muita coisa dele, mas como era tudo emprestado, não tive oportunidade de reler. Um contrato com Deus é coisa linda mesmo, espero que seja relançado. Só uma coisa: existe uma polêmica a se chamar quadrinhos de literatura, não porque seja menor, mas por ser outra coisa, já que conta com recursos visuais. Os Quadrinhos seriam uma arte à parte, sem satisfações a Literatura. Beijinho! =)

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  3. Eu também sofro do mal de ler uma coisa, me apaixonar, mas não escrever na hora e daí a empolgação vai se diluindo até eu elaborar o texto. Juro que tento escrever o quanto antes, mas às vezes simplesmente não dá. Enfim... eu gosto muito de biografias, principalmente dessas menos 'didáticas'. Essa parece ser bem interessante e ainda tem uma capa linda!
    bjo

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